A Invenção de Hugo Cabret Resenha
Esse texto pode conter possíveis SPOILERS.
Sinopse: Em 1931, o menino órfão Hugo Cabret vive escondido em uma estação de trem de Paris. Ali, cuida do funcionamento de gigantescos relógios no lugar do tio que desapareceu. À noite, tenta consertar uma máquina de aparência humana para desvendar uma mensagem oculta, usando peças de brinquedos que ele furta. Seus planos, porém, correm risco. Ele é descoberto pelo dono da loja de brinquedos da estação e pela curiosa Isabelle.
Resenha: Quadrinhos e mangás são muito populares entre os mais novos, assim como eram na minha época, porém na minha pré-adolescência os gibis eram mais populares, os mangás nem tanto. Nos dias atuais, nos EUA os quadrinhos ainda são uma cultura muito forte e os mangás estão conquistando o mundo cada vez mais. Para os leitores adolescentes modernos a narrativa gráfica é ainda linguagem muito popular.
Os escritores Brian Selznick e Jeff Kinney, aproveitaram da popular narrativa gráfica muito consumida pelos adolescentes para fazer grandes sucessos com livros que misturam quadrinhos e literatura. A reputação de Selznick até agora tem sido principalmente como ilustrador, então não é coincidência que quase metade das páginas de "A Invenção de Hugo Cabret" consistam em desenhos de linhas maravilhosamente detalhadas.
Inspirado em personagens e filmes históricos reais, o livro infantil de Selznick é um verdadeiro avanço na técnica de contar histórias. Usando ilustrações para promover o enredo, estabelecer o cenário e até mesmo desenvolver seus personagens, a prosa sobressalente de Selznick parece ganhar gravidade e importância também. Os leitores se debruçarão não apenas sobre as ilustrações, mas também sobre as palavras, que raramente são desperdiçadas e muitas vezes contêm sabedoria real.
Quando a história narra a ação ou detalha uma visão maravilhosa, Selznick muda para sua arma secreta, desenhos a lápis lindamente sombreados: de Hugo sendo perseguido pelas entranhas da Gare Montparnasse; de Hugo e uma garota olhando para as luzes de Paris de dentro dos grandes relógios; de Hugo em um cinema escuro olhando, extasiado, para a luz bruxuleante de um filme.
Na primeira página, vemos uma lua cheia espreitando de uma pequena caixa branca no meio de um mar de preto. Na página seguinte, a caixa se abre para revelar mais do céu. Da mesma forma, na terceira e quarta páginas, a borda preta (como as cortinas do cinema) se retrai para revelar o horizonte de Paris. As páginas subsequentes se concentram na estação de trem de Paris e, finalmente, se concentram em um garoto em particular na multidão fervilhante e movimentada lá dentro.
"A Invenção de Hugo Cabret" também é uma homenagem aos primeiros cineastas, e ao próprio cinema, como criadores de sonhos, é elegantemente projetado para se assemelhar à experiência cintilante dos melodramas do cinema mudo. As crianças não só viajam em uma linda história, mas também em uma história sobre a arte do cinema.
Esse livro infantil também vai trazer críticas sociais, como o próprio abandono de Hugo na estação e o preconceito. Conforme a história do livro avança os personagens vão se revelando entre suas camadas, e descobrimos pessoas reais com problemas reais nessa história.
"A Invenção de Hugo Cabret" traz cinema e mistura quadrinhos com literatura. Em nenhum momento ele perde sua atmosfera fantasiosa e mágica. O livro transporta o pequeno leitor para, o que parece, um outro mundo. Apesar de assuntos sérios abordados neste livro, as crianças nunca deixarão o mundo imaginário e mágico de Hugo.
Essa obra-prima aclamada pela crítica mundial mistura elementos do cinema e dos quadrinhos para contar uma história sobre os primórdios do cinema, a vontade de criar vida e a aventura da imaginação, e está mais que recomendado para leitura. O livro deu origem ao filme "A Invenção de Hugo Cabret", dirigido por Martin Scorsese.
Nota: 10
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