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  • Foto do escritorVinicius Monteiro

Entrevista com o Demônio Crítica

Entrevista com o Demônio Crítica

Esse texto pode conter possíveis SPOILERS.

 

Sinopse: Uma transmissão televisiva ao vivo em 1977 corre terrivelmente mal, libertando o mal nas salas de estar do país.

 

Crítica: O termo 'found footage' evoca, hoje em dia, mais um suspiro de fadiga do que a empolgação de outrora. Uma vez um recurso narrativo inovador, capaz de gerar clássicos do terror como "Cannibal Holocaust", "The Blair Witch Project" e "Cloverfield", o gênero sucumbiu à repetição de fórmulas, tornando-se sinônimo de clichês e sustos baratos, como exemplificado pela franquia "Atividade Paranormal". A exploração excessiva e a falta de originalidade esgotaram o potencial do 'found footage', transformando-o em um tropo desgastado no cinema de horror.

 

Embora "Entrevista com o Demônio" prometa uma experiência imersiva com sua premissa de 'found footage', a execução falha em entregar. A declaração inicial de ser uma gravação do passado cria expectativas que são rapidamente subvertidas por elementos narrativos que destoam da estética e das limitações técnicas da época. A narrativa, que poderia ter explorado a atmosfera e os recursos visuais de um talk show dos anos 70, opta por soluções mais convencionais e pouco críveis, comprometendo a imersão do espectador. A constante violação da plausibilidade inerente ao gênero 'found footage' é uma oportunidade perdida de criar uma experiência verdadeiramente assustadora.

 

Dastmalchian entrega uma performance admirável como Jack, especialmente ao retratar sua vulnerabilidade e a auto enganação que o consomem. Seu talento dramático é indiscutível, mas seu timing cômico não acompanha a intensidade emocional da jornada de seu personagem. A sensação de crescente desespero que deveria culminar em uma explosão de humor negro não se materializa de forma convincente. Apesar das reações do público, a entrega das piadas e trocadilhos carece do carisma necessário para justificar a ascensão meteórica de Jack. Essa discrepância entre as nuances dramáticas e as tentativas cômicas do personagem fragiliza a premissa central do filme.

 

Ingrid Torelli dá vida à personagem Lilly D'Abo, uma personagem possuída por alguma entidade. O filme depende demais da personagem para os momentos de suspense, mas a atriz não consegue entregar. Ingrid Torelli está completamente exagerada, com olhares e trejeitos de uma atriz imitando uma pessoa possuída e não interpretando. O que era para reforçar o tom aterrorizante, a atuação da atriz fica caricata estragando toda a atmosfera do filme.

 

O filme apresenta uma proposta visual e conceitual inegavelmente original, transportando o espectador para uma atmosfera única e, por vezes, desconcertante. A equipe criativa demonstra um evidente prazer em explorar esse universo peculiar, embora nem sempre consiga extrair todo o seu potencial. A estética dos anos 70 é evocada com maestria, mas a tentativa de capturar o choque e a inovação daquela época, através de elementos de IA, resulta em um apelo mais genérico e contemporâneo.

 

A fotografia de Matthew Temple é impecável, com uma iluminação que captura a atmosfera da época com maestria. O design de produção de Otello Stolfo, com seus figurinos retrô de Steph Hooke e a tipografia característica, complementam a ambientação, criando uma imersão completa no período retratado. No entanto, alguns movimentos de câmera, embora dinâmicos, podem parecer um tanto inspirados em 'Goodfellas', de Scorsese.

 

Após "Entrevista com o Demônio" tentar preparar o espectador para um possível final aterrorizante, esse final nunca chega. O filme se atropela em várias escolhas clichês, e no final o filme é extremamente apressado misturando horror com sobrenatural. Assim como em uma cena do próprio filme, "Entrevista com o Demônio" termina como um vômito CGI parecendo o simbionte Venom.

 

Conclusão: O filho falha em ressignificar o gênero 'found footage', optando por fórmulas já desgastadas e efeitos visuais exagerados. A premissa promissora é subvertida por escolhas narrativas convencionais e atuações polarizantes. O filme se perde em um mar de referências e clichês, deixando o espectador com a sensação de ter assistido a mais uma tentativa frustrada de reviver a glória do terror encontrado.

 

Nota: 5



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