King Kong (2005) Crítica

Esse texto pode conter possíveis SPOILERS

Sinopse: Ann Darrow, uma atriz de vaudeville, enfrenta dificuldades para se sustentar, como vários outros americanos durante a Grande Depressão. Ela caminha pelas ruas de Manhattan pensando na possibilidade de trabalhar em um cabaré, até que a fome a faz roubar uma maçã. Ann é salva pelo cineasta Carl Denham, que oferece a ela o papel principal em sua próxima produção. Inicialmente indecisa, Ann aceita a oferta após saber que o roteirista é o conceituado dramaturgo Jack Driscoll. Na verdade Carl está em apuros, já que o patrocínio para concluir seu filme inacabado foi cancelado e sua antiga atriz principal abandonou o projeto. Apesar dos problemas, Carl embarca na equipe e no elenco de seu filme no cargueiro fretado S.S. Venture. O objetivo da viagem é chegar na Ilha da Caveira, que tem a fama de abrigar uma raça perdida e várias criaturas consideradas extintas.

Crítica: Cento e oitenta e sete minutos de espanto, emoções, arrepios e mortes, o filme de Peter Jackson é certamente o que há de melhor no entretenimento. Esse 'King Kong' homenageia seu predecessor mítico de 1933, enquanto usa tecnologia de cinema sofisticada para manipular perfeitamente o fantástico. Durante todo o tempo, você sente o amor de Jackson pelo original de Merian C. Cooper, Jackson traz para o projeto dos seus sonhos a necessidade de corrigi-lo de alguma forma, para finalmente acertar.

Além de tais floreios, Jackson se mantém próximo ao original, tanto na história quanto no ambiente. Ainda é 1933, cortesia de paisagens urbanas digitais extremamente detalhadas e convincentes. As partes mais desajeitadas do filme vêm com a exposição dos personagens Peter Jackson está mais fraco quando ele está tentando ser engraçado.

Peter Jackson adicionou 90 minutos ao tempo de execução. O filme pode parecer longo demais para alguém, eu confesso que nem percebi a hora passa. O filme não para; há uma debandada de dinossauros, várias invasões de aranhas gigantes e um ataque de criaturas furiosas. Com isso testemunhamos o perigo e lamentamos a morte de personagens com os quais ninguém se preocupa. 

O que realmente faz o filme funcionar, é que Kong não só se apaixona por Darrow, mas de alguma forma a loira também se apaixona pelo macaco, este é o coração do filme de Jackson. Na versão de Cooper, Darrow interpretada por Fay Wray, somente grita o filme inteiro. Em contraste, a Darrow de Watts é inteligente, engraçada e talentosa e tem resiliência, coragem e integridade. O terceiro ato se torna uma parábola infeliz, 'A Bela e a Fera' muito mais lírica e trágica do que qualquer coisa que os cineastas originais poderiam ter imaginado.

Os movimentos de Serkis, filmados e depois "vestidos" digitalmente com pele, dão ao grande macaco uma fluidez que não pode ser alcançada com fantoches ou macacões. O diretor é um mestre em efeitos especiais, é particularmente bom com os olhos. Os olhos de Kong, do tamanho de bolas de basquete, dilatam-se de dor ou adoração. Eles se abrem para irradiar angústia, confusão, a tragédia dos escravizados e explorados, a raiva dos justamente vingativos. Esse personagem em CGI tem alma. 

Peter Jackson entra no jogo ciente de que remakes já vem com uma maldição de ser ruim, mas ele soube tratar todo o material com respeito. 'King Kong' é um triunfo da tecnologia digital, é sem dúvida o personagem CGI mais complexo e fascinante já criado.

Nota: 8