Shin Ultraman Crítica

Esse texto pode conter possíveis SPOILERS.

Sinopse: Um alienígena está em busca de justiça e persegue um criminoso desonesto em um planeta chamado Terra. Para expiar suas ações, ele deixa o poder de transformar um humano em um herói para proteger a Terra. Assim, o Ultraman nasceu da maneira que se seguiu à série original do início dos anos 1960, que estava na TV de muitos lares japoneses.

Crítica: "Shin Ultraman" é um bom exemplo de como reiniciar uma franquia de super-heróis para os tempos modernos. Fazendo seu CGI se assemelhar à estética dos filmes de monstros japoneses de antigamente, satisfazendo os fãs que torcem pelo humanóide gigante vermelho e prateado desde que ele salvou o Japão e o mundo pela primeira vez em uma série de televisão infantil de 1966.

O filme é dirigido por Shinji Higuchi e escrito, co-produzido e co-editado por Hideaki Anno. Esse é o 37º filme da franquia Ultraman, e a segunda reimaginação de Anno e Higuchi de uma série tokusatsu, depois de "Shin Godzilla" (2016) e antes de "Shin Kamen Rider" (2023). Shinji Higuchi e Hideaki Anno novamente teceram comentários políticos inteligentes e ruminações significativas sobre a existência humana em um roteiro dedicado a entregar bobagens e cenas episódicas, mas respeitando o legado que Ultraman deixou.

O longa-metragem é estrelado por Takumi Saitoh, Masami Nagasawa, Daiki Arioka, Akari Hayami, Tetsushi Tanaka e Hidetoshi Nishijima, com Anno e Bin Furuya como Ultraman. A pós-produção foi desacelerada pela pandemia de COVID-19, resultando em uma edição que levou cerca de dois anos e meio e finalmente foi lançada em 2022. O filme arrecadou mais de US$ 34 milhões em todo o mundo, tornando-se o sexto filme japonês de maior bilheteria de 2022 e o filme de Ultraman de maior sucesso comercial. 

Ultraman continua sendo o personagem mais importante do entretenimento infantil. Sem chegar nem perto da introspecção profunda e sombria dos super-heróis em muitas outras franquias famosas. Este Ultraman tem a substância temática para manter o público mais velho, e fã do personagem, engajado e animado durante o filme.

As brincadeiras entre o grupo de personagens humanos são animadas e frequentemente engraçadas, porém para mim não funcionou em nada. Quando o filme foca nos personagens, ele fica chato e seu ritmo quebra. O roteiro parece alguns episódios da série costurados de forma um tanto confusa, tornando "Shin Ultraman" não linear. O resultado é um monte de personagens que recebem pouca caracterização real antes de serem arrastados pelo ímpeto da trama.

Mantendo a tradição da série de TV de limitar as aparições do Ultraman, o herói passa longos intervalos fora da tela, mas quando aparece, é sempre um evento que vale a pena esperar. O design da criatura e as cenas de luta atingem um glorioso ponto ideal retrô-moderno. Eles não são tão deliberadamente bregas a ponto de serem imitações servis de estrondos dos dias de glória do tokusatsu japonês (drama baseado em efeitos práticos).

Os efeitos especiais e técnicas digitais criaram um visual retrô que foi o maior acerto desse filme. As imagens cuidadosamente construídas capturam perfeitamente a aparência de como os monstros do cinema japonês se moviam quando atores em trajes de borracha lutavam. O projeto de usinas de energia, edifícios urbanos e vastas extensões de terra aberta destruídas pelos monstros é igualmente perfeito.

"Shin Ultraman" é um retorno maravilhosamente familiar à mistura de bobagens de ficção científica, drama excessivamente sério e brigas selvagens com monstros de borracha em meio a paisagens extensas e em miniatura. "Shin Ultraman" é uma carta de amor ao legado do personagem e seu poder nostálgico funciona muito bem, porém o filme só consegue conversar com a geração que viveu a época das séries de tokusatsu japonês.

Nota: 5